sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Dia vinte e cinco.

15,4%.


[Período antes da ordem do dia: não sou economista nem percebo nada de números, estatísticas, "sinais positivos" ou "retomas". Percebo só da minha vida (e às vezes nem essa compreendo muito bem).]

Parece-me que hoje em dia boa parte de nós olha para as estatísticas do desemprego e pouco mais faz para além de encolher os ombros (havendo um comando na mão, este gesto é substituído por uma mudança de canal; à décima tentativa havemos de encontrar um onde o assunto seja outro). Os números já pouco importam. Há muita gente desempregada. Ponto. Por mais voltas que se dêem ao texto, por muito que se puxe pelo lado positivo (há sempre um, sim, e habitualmente eu sou a primeira a procurá-lo), na nossa cabeça acho que não há lá grande análise a fazer. Mais cinco mil, menos cinco mil, por cento a mais, décima a menos, o problema existe e aparece por todo o lado. O desemprego está em queda há dez meses. Isso é certo. Mas, para as famílias, sejam aquelas onde há desempregados ou aquelas em que todos trabalham mas em que o receio de dias piores não se evita, isso não serve de grande consolo.

Percebo, claro, que dez meses seguidos com os números a baixarem são um sinal animador. E é óbvio que uma redução, no espaço de um ano, de 17,3 para 15,4 por cento é uma boa notícia. Matematicamente, tudo isto faz sentido. Só que todos sabemos que, na prática, no caso do desemprego há o (aparente) contra-senso de as contas irem um pouco além da matemática. A confiança que nos tentam transmitir até pode ter fundamento, mas não arranca sequer um ligeiro sorriso a ninguém.

Números são números. Contra factos não há argumentos. Mas, frases feitas à parte, até eu, que sou uma optimista, tenho dificuldades em partilhar de certas esperanças. E a verdade é que, quando fazemos parte das estatísticas, por mais que não queiramos acabamos por nos sentir como um elemento que está ali no meio das contas  e isso torna tudo mais próximo, por um lado, e mais intenso, por outro.

(Posto isto, até vou fingir que não sei que em Dezembro há sempre empregos no sapatinho. Ou pré-sapatinho, melhor dizendo. E que depois só voltam a cair do céu, ou pela chaminé, daí a um ano.)

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