sábado, 25 de janeiro de 2014

Dia dezanove.

Ofertas de emprego  versão 2014.


Eu bem sabia que criar este blogue era uma boa opção. Há gente com ideias tão engraçadas que têm mesmo de ser partilhadas. Além disso, cada vez mais me convenço de que o facto de haver falta de emprego é o princípio do problema, mas está longe de ser o fim.

Uma pessoa fica desempregada e dia sim, dia não (ou até mesmo dia sim, dia sim) depara-se com um fenómeno novo. O meu último achado tem a ver com ofertas de emprego. Pelos vistos, neste campo a criatividade não conhece limites, e houve muitas mudanças de 2010 para cá. Nos últimos dias descobri uma nova estratégia, e que é diferente em tudo  a começar pela abordagem.

A saga começa quando alguém nos diz, após uma introdução exageradamente elogiosa a nosso respeito, que tem uma proposta de emprego para nos fazer. Na prática, é só mesmo isto: "tenho uma proposta de emprego para si". A formulação pode ser básica ou sofisticada, consoante os casos, mas nunca inclui nada de "comos", "quandos", "ondes", "o quês" ou "porquês". Depois, segue-se a frase-chave desta inovadora estratégia de recrutamento: "se quiser saber pormenores, podemos encontrar-nos". Em casos muito raros, esta indicação vem acompanhada da morada do "escritório", mas nunca, jamais, do nome da empresa.

Após este primeiro contacto, gente doida como eu, que nitidamente não sabe dar valor à sorte que tem, ousa enviar uma resposta que começa com um "obrigada" e que (quanta parvoíce!) continua pedindo mais uma ou duas indicações: que "projecto" é, por exemplo, ou quais são as funções em causa.

E é aqui que surgem as respostas mais inconcebíveis que eu alguma vez recebi. (Merecidas, como é evidente.) Soam a algo parecido com "é um projecto mais ou menos do género de qualquer coisa e que envolve diversas áreas e uma panóplia de possibilidades em geral e em particular, podendo ser isto ou aquilo na medida das circunstâncias; mas se quer saber concretamente o que é vai ter de se encontrar comigo, porque por e-mail é só mesmo isto que lhe posso dizer". E a história ainda não acaba aqui: para o grand finale, uma chantengenzinha psicológica  sugerindo, subtilmente ou não, que se fazemos perguntas e não queremos ir a um encontro destes às cegas é só porque somos preguiçosos, ignorantes ou presunçosos.

Em menos de dois dias já me apareceram três generosas ofertas de emprego deste género. E eu, que sou uma ingrata, disse "não" a todas elas.

4 comentários:

  1. Realmente temos que ter cautela!! Nunca se sabe o que anda por aí!!! Também estou desempregrada e a começar a desesperar pois não sei para onde me volte... Sou professora contratada há 10 anos e é a 1ª vez que estou desempregada neste altura do ano. Vivo no Alentejo, o que faz com que as hipóteses de encontrar outro tipo de trabalho ainda diminuam mais... Beijinho Sofia!! Muita força para continuar a procura!!! :)

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  2. Fui a uma entrevista dessas, num escritório muito estranho para os lados do Saldanha. A entrevista demorou duas horas. Dado que aquilo me cheirou a esturro e quando lá entrei achei mesmo que a coisa estava queimada não fui sozinha, mas jurei para nunca mais.

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    1. Eu também já passei por uma situação parecida. E tem o seu quê de... estranho, sim.

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